Psicose: Uma realidade bem longe?

Álex Cavalcante
4 min readMar 10, 2021

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A Psicose é uma psicopatologia de transtorno mental evidenciado por um desajuste da realidade por parte de um psicótico que sofre os sintomas da psicose.

Quais são as características do quadro? De que forma o distúrbio se manifesta? Quais são seus sintomas físicos e mentais?

O psicótico apresenta comportamento antissocial. Desconfia e deprime-se com violência. Observa-se situação de tumulto, alvoroço, frenesi e fala incoerente. Estes são os primeiros sintomas. Sob um delírio que lhe é presente, tende a inventar histórias de conteúdos com ou sem sentido, fugindo da realidade, alucinando imagens e sensações irreais. A psicose pode ocorrer em diversos casos, e para cada um deles há uma causa específica. De pessoa para pessoa, a intensidade dos sintomas pode variar e alterar-se com o decorrer do tempo. Modificação no sono e perda do apetite também podem ser manifestados como sintomas de pacientes diagnosticados com psicose.

Há apenas uma forma do quadro se manifestar? Se não, quais são seus tipos?

O quadro psicótico manifesta várias formas, incluindo a não percepção da própria doença. Podemos afirmar que as principais características clínicas das psicoses são:

  • Confusão do “ao redor” com altos graus de delírios e alucinações (ver ou ouvir coisas que outras pessoas não vêem ou ouvem);
  • Incapacidade de compreensão da realidade, não reconhecendo as regras e normas, tornando-se incapaz de distinguir o certo do errado, sem sentir culpa ou ansiedade;
  • Mesmo com memória e cognição aparentemente estáveis, considera-se que este comportamento é fruto de delírios, alucinógenos ou substâncias psicoativas.

Quais são as causas da psicose? Como ele se origina? Ela pode ser causada por fatores externos (outras doenças, por exemplo)?

Condição mental ou psicológica, condição fisiológica e condição comportamental, são as três principais portas de entrada para o desenvolvimento de um psicose. No aspecto mental, traumatismo de causas emocionais, outros transtornos mentais, como bipolaridade ou esquizofrenia, lesões, alterações no sistema nervoso central e tumores são fatores diretos. Também pode ser causada por uma condição de saúde, medicamentos ou uso de substâncias psicoativas como álcool e drogas, alterando a função cerebral e mudando provisoriamente a percepção, o comportamento, a consciência e o humor.

Os neurotransmissores, substâncias químicas produzidas pelos neurônios que contribuem no envio de informações a outras células, estão diretamente ligados na desenvolução desta psicopatologia. Ambientes familiares precários em termos de sanidade, de saúde, bem como expostos em relacionamentos perturbadores, opressores e de rejeição, especialmente na fase infantil e juvenil, fomentam futuros quadros de psicose neste sujeito. Se a mãe conter quadros clínicos da doença numa gestação debilitada, pode incidir uma probabilidade genética para a doença.

Como é feito o processo diagnóstico do quadro?

Buscar ajuda médica é essencial para um pleno diagnóstico. Os especialistas que podem diagnosticar uma psicose são da área da neurologia, psiquiatria e psicologia. Avaliação de um psiquiatra no diagnóstico de uma psicose é o mais comum. Exame de monitoramento não invasivo, como o Eletroencefalograma, registra atividades elétricas do cérebro. Exames laboratoriais e de sangue identificam possíveis infecções e drogas. Se algum parente ou pessoa mais próxima apresentar dentre os sintomas já citados uma possível perda de contato com a realidade e súbitos comportamentos apreensíveis, procure um especialista. Acompanhado, o paciente deverá ter informações pertinentes e pregressas, como; histórico médico, uso de medicamentos ou demais substâncias, o tempo de manifestação dos sintomas, se tem agravado, e tudo mais que estiver sendo notado como anormalidade do sujeito.

Após feito o diagnóstico, quão importante é o auxílio familiar e psicológico para o tratamento do quadro?

É importante que se evite o confronto das ideias e o conflito do que está sendo externado pelo paciente. O apoio familiar como forma de compreensão das emoções também é fundamental. A pessoa precisa sentir que é aceita, que é parte e não o contrário. Procurar ajuda e levar o indivíduo que apresenta quadros psicóticos a adentrar no processo de diagnóstico e tratamento é sempre o melhor a ser feito.

Quais são os tratamentos mais populares entre as psicoses? Ocorre prescrição de medicamentos?

A causa e o tipo de psicose determina qual o tratamento. Medicamentos antipsicóticos são geralmente a forma de tratamento mais comum. Somente um médico pode prescrever qual medicamento e dosagem é indicada.

Sobremodo, numa abordagem psicanalítica, onde três são as estruturas que compõem o psiquismo: id, ego e superego, o método de associação livre ou a transferência, buscam na escuta, o relacionamento como forma de aceitação e compreensão das emoções vividas, mais do que a identificação das bases do surgimento da doença no inconsciente do paciente. Já a terapia cognitivo-comportamental ajuda os pacientes a entenderem os pensamentos e tem como foco a modificação de comportamentos desse quadro clínico.

Outras psicoterapias que contêm intervenção na psicose precisam seguir uma premissa onde o psicótico sinta que o seu terapeuta o aceita integralmente, procurando compreender com profundidade o seu mundo interior, com uma postura percebida de alguém irrepreensível, verdadeiro e harmonioso. Com isto, acontece um equilíbrio de dentro pra fora, onde uma melhora ocorrerá.

Normalmente vista como uma extensão da psicopatia, a psicose costumeiramente recebe uma imagem pejorativa. Entretanto, gostaria que esse ponto fosse esclarecido.

O que explica essa confusão? E quais são as principais diferenças entre a psicose e a psicopatia?

Na psicanálise, neurose, psicose e perversão são distintas e necessitam ser plenamente identificadas. Já a psicopatia, pode ser comumente confundida com a psicose, mas não são a mesma coisa. Enquanto a psicopatia evoca a frieza, o psicótico pode agir com insensibilidade. Clinicamente, o psicopata é um indivíduo perverso, de graves distúrbios e fortes alterações no quadro da personalidade. Já os psicóticos, em geral, não apresentam sempre violência, mas podem tornar-se, dependendo dos altos níveis de ansiedade e agitação.

Paz e bem,

Dr. Álex Cavalcante

https://alexcavalcante.com.br

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Álex Cavalcante

Empresário, fundador e CEO do Grupo PRODUZA, publicitário, multiartista, neuropsicobiomédico clínico da saúde.